terça-feira, 30 de julho de 2013

O “Pau-de-Chuva” e a Lição da Embaúba

O “Pau-de-Chuva” é um instrumento musical idiofônico, ou seja, é o próprio corpo do instrumento que produz o som. É um instrumento de percussão, de origem indígena, que reproduz atmosfera sonora semelhante à de chuva.

Pau-de-Chuva. Instrumento de origem indígena, artesanal, feito com galho de Embaúba.
Reproduz o som da Chuva quando manuseado lentamente. [Foto: Armazém São Miguel]
 Culturalmente, o “Pau-de-Chuva”, em sua forma mais popular, é originário das florestas e montanhas da América do Sul, sobretudo da região onde hoje está o Chile - mas variações do mesmo instrumento podem ser encontradas em diversas partes do planeta, em diferentes tribos.

Muitos destes instrumentos têm forte presença em cerimônias religiosas ou na prática de rituais xamânicos, sendo também utilizado por terapeutas holísticos e facilitadores de curas, busca-de-visão, relaxamento e meditação.
É também valorizado por pesquisadores, uma vez que a técnica artesanal utilizada em sua fabricação é basicamente a mesma há séculos. 
Quanto a sua estrutura física em si, estética e simbologias, fala-se também na presença de quatro princípios básicos:
  
1- Vacuidade; 
2- Aparência circular (cíclica);
3- Movimentação em Espirais e 
4- Unidade no Som.


O “Pau-de-Chuva” também é amplamente utilizado na Musicoterapia e Biomúsica.

Embaúba e o Pau-de-Chuva nos ensinam que tudo na vida é um fluxo.

Mesmo os corpos sólidos são ocos, de alguma forma.
Cada vida é um fluxo de uma quantidade incontável de outras vidas, no momento presente: AQUI AGORA.
Tudo está conectado: Céu e Terra, Vegetais, Minerais e Animais.

corpo do Pau-de-Chuva é Vegetal.
A "chuva" que movimenta-se em suas espirais internas é Mineral (pedrinhas).

A mão que o "manuseia", e cria a Harmonia entre o Vegetal e o Mineral (Medida e Movimento), é Animal.

"A Voz do Céu, 
que fala pela Chuva e pelo Trovão,
também fala na Terra,
e em nosso Coração"

As peças aqui expostas (na Imagem 1), utilizam galhos de Embaúba (Cecropia), a árvore tradicionalmente utilizada pelos índios na confecção deste instrumento - embora o bambu também seja uma opção frequente. 
Esta árvore, a Embaúba, é muito frequente em áreas de mata atlântica e serrado, por exemplo. Muitas pessoas ignoram sua enorme importância....


Dentre diversas outras coisas, podemos dizer que ela contribui muito para o reflorestamento dos locais em que está presente. Basicamente por ser uma atração imperdível para diversas espécies de pássaros, que frequentando a área, acabam espalhando novas sementes, que gerarão novas plantas e mais sementes...  Isso se deve a dois motivos: primeiro porque seus galhos oferecem um pouso convidativo e segundo porque ela dá um fruto que os humanos pouco apreciam (eu, particularmente, gosto...), mas que os pássaros simplesmente adoram...

Embaúba. Foto: Canto dos Xamãs, 2013.

Os galhos desta árvore têm o seu interior, naturalmente, mais mole, e caem sozinhos, à medida que se aproximam de ficarem ocos.

 A título de curiosidade, é famosa, por exemplo, a milenar prática indígena de fabricar flautas a partir desta mesma madeira – igualmente notável é a parceria que artesãos tradicionais estabelecem com as formigas, que naturalmente contribuem com a limpeza do cerne oco dos galhos, participando, assim, da confecção do instrumento.
  
Embaúba. Foto: Canto dos Xamãs, 2013.
Embaúba. Foto: Canto dos Xamãs, 2013.


A Embaúba e o Pau-de-Chuva nos ensinam que tudo na vida é um fluxo.

<< Este manejo ecológico contribui para a manutenção das florestais e mantém viva uma técnica artesanal e cultural cuja origem não podemos datar com precisão. 
Fato é que através desta prática, inúmeros benefícios são alcançados, tanto para as florestas quanto para os pássaros e os homens e mulheres que podem desfrutar do convívio com este instrumento tão peculiar - e, principalmente, aqueles que podem fazê-lo à sombra de uma árvore tão charmosa e tão gentil quanto esta... 

Somos gratos!
E viva a Chuva!
O Pau-de-Chuva e todas as Embaúbas!


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Os instrumentos (Pau-de-Chuva) da Imagem 1 foram fotografados no Armazém São Miguel, em Águas da Prata, SP. (Para mais informações, visite a página de Armazém São Miguel no facebook.)

Além de outros artesanatos, como Maracás, Tótens e Cajados (sobre os quais também falaremos aqui no Artes Florestais), o local também oferece vários produtos orgânicos e naturais, tendo Horta Natural e Jardim de Ervas próprio. 

E se você estiver viajando, pode aproveitar para se hospedar na Pousada Holística Canto dos Xamãs. Com certeza, uma experiência inesquecível.

A Estância Hidromineral de Águas da Prata tem uma série de atrativos naturais para quem quer um pouco de sintonia com ambientes florestais. 

Para os amantes de esportes de aventura (ou pra quem está disposto a conhecer), a Agência de Eco Aventura e Eco Turismo Prata Expedições também tem opções estimulantes. E essa é a página deles no facebook.


terça-feira, 4 de dezembro de 2012

<< Árvores Dançantes >> - Bosque Florestal, Águas da Prata, SP.







                                                            Fotos: Bosque Florestal, Águas da Prata, SP - Levi Moisés

domingo, 2 de dezembro de 2012

O Louva-Deus

Foto: << O Louva-Deus>> , Águas da Prata 30/11/2012 - Enlaçador de Mundos Auto-Existente Branco, Kin 186.

<<O louva-a-deus ou cavalinho-de-deus é um inseto da ordem Mantodea. Há cerca de 2400 espécies de louva-a-deus, a maioria das quais em ambiente tropical e subtropical. Seu nome popular decorre do fato de que, quando está pousado, o inseto lembra uma pessoa orando. Os louva-a-deus são insetos relativamente grandes, de cabeça triangular, tórax estreito com pronoto e abdómen bem desenvolvido. São predadores agressivos que caçam principalmente moscas e afídios. A caça é feita em geral de emboscada, facilitada pelas capacidades de camuflagem do louva-a-deus. Como não possuem veneno, os louva-a-deus contam com as suas pernas anteriores que são raptatórias, ou seja, modificadas como garras, para segurar a presa enquanto é consumida. A sua voracidade leva a que sejam considerados muito bem vindos pelos amantes da jardinagem eagricultura biológica, uma vez que, na ausência de pesticidas, são um fator importante no controlo de pragas de jardim. Na América do Norteocorrem apenas três espécies de louva-a-deus, duas das quais introduzidas no início do século XX para este mesmo efeito.
O voo do louva-a-deus é algo impressionante. Remete ao voo de um caça de combate. Ele também tem a capacidade de desviar de ataques de morcegos em pleno voo executando mergulhos.
O louva-a-deus é um animal muito venerado na China, tendo inclusive estilos de Kung Fu baseados em seus movimentos. (...) >>
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Louva-a-deus



sábado, 1 de dezembro de 2012

Novembro - 2012 - Col 037






... segredo ...



‎"Eu estava dentro da mata, debaixo de um arvoredo
Tudo tem, tudo tem, no mundo não há segredo.
Eu digo de mim para ti, e para os outros que não estou vendo
Quando eu acabo de dizer, todo mundo está sabendo"

(Raimundo Irineu Serra, 1892-1971)

<<"I was in the forest, under a tree

Everything has got everything in the world there is no secret.
I say from me to you, and others that I'm not seeing
As I have said, everyone is aware ">>

terça-feira, 27 de novembro de 2012

ARTES FLORESTAIS II - MATA ATLÂNTICA





Show em defesa de Águas da Prata - XÔ MINERADORAS!

No dia 25/11 ocorreu em Águas da Prata um show diferente.. Era um show por uma causa específica: a luta contra a mineração de bauxita e outros minérios (como rocha potássica, zircônio, argila refratária etc).

  Foto: Ana Prezia de Araujo.
Artistas que participaram do evento: Vinicius Alves, Marquinhos Mistura, Julio Seda & Rafael, Jose ernando Entratice , Zé Jabur, Fábio Jabur , Walgra Maria Carvalho Pinto, Zé do Prado e Toninho, Valério, Marcelo Brancato, os grupos Tambor e Flor e Caixeiras das Nascentes, Fernando Guimarães, José Guilherme e Levi Moisés.

Águas da Prata, vista da Fonte Vilela.
Por: Levi Moisés
A Estância Hidromineral, com pouco mais de 7 mil habitantes, é guardião de um rico ecossistema, com áreas florestais privilegiadas pela ampla ocorrência de animais ameaçados de extinção, árvores nativas de mata atlântica e campos, clima agradável, cachoeiras, rios, cânions e mais de uma dezena de nascentes de águas minerais com propriedades curativas e terapêuticas.

Cascatinha, Águas da Prata, SP. Levi Moisés.
A notícia de liberações dos órgãos estaduais para exploração de minério em dois locais do Município, em setembro deste ano, causou grande alvoroço no singular paraíso ecológico, fazendo com que a população se organizasse em diversos seguimentos para responder ao que consideraram um afronto à sua liberdade de manter sua trajetória vocacional, hidromineral e turística, com seu jeito todo próprio.

Águas da Prata coleciona uma longa história de celebração da arte em contexto florestal.
Tendo sido outrora uma terra de povos indígenas, inclusive dos Kaiapó meridionais, comprovadamente mais antigos por aqui do que os povos do tronco tupi, foi, mais tarde, rota de viajantes que subiam do litoral para o sul de Minas, pela Serra da Mantiqueira: à princípio desbravadores e missionários, depois os caçadores de índios e os "minerários".

 Deste passado não muito distante de nós, já podemos imaginar a arte das tribos coletoras que viviam nos planaltos e beiras de rio, nas planícies férteis de frutos e água: suas canções, suas danças, sua pintura corporal. Eles celebravam seu sagrado, seu dia-a-dia, sua caminhada pelo mundo, sua vida e vida de toda as criaturas.
Depois vieram os desbravadores e missionários, que por aqui ficaram pouco, tendo sido logo expulsos ou "menosvalidos" pelos "minerários" que os seguiram.. E se as colônias de café e leite produziram o alimento para as cidades e os campos - que depois se esvaziariam... - , as cidades, por outro lado, alimentaram a fome de minério das indústrias que logo surgiriam.
Cascatinha, Águas da Prata, SP. Por: Levi Moisés
 Alguns poucos lugares, próximos ao..., ou ao longo do: Caminho do Ouro, mantiveram áreas consideráveis de florestais originais de Mata Atlântica.
Da mesma forma, hoje, a nova Corrida pelo Ouro/Bauxita/Terras-raras etc..., ameaça as poucas áreas remanescentes de florestas nativas ou reflorestadas, e principalmente, as demais riquezas sociais que humanamente são desenvolvidas pelas comunidades que vivem nestes locais.


Águas da Prata é um lugar que reúne tanto esta abundância biológica, natural; quanto aquela riqueza social, de vivência artística e celebração da vida em seu contexto mais puro e orgânico.
Talvez por isso o show em apoio ao "Movimento Xô Mineradoras!" e à votação de importantes emendas à Lei Orgânica do Município, que se realizaria no dia seguinte, tenha sido tão expressivo, emocionante.

Garganta de Deus, Águas da Prata, SP. Por: Levi Moisés.
E com certeza a Arte mostra o seu valor, unindo pessoas e povos, ontem e hoje, através da expressão quase mágica da vida bem vivida, a vida que se sente parte da natureza, que comunga com ela, a unidade de todos os seres - ainda que em plena diversidade de sutilezas...
      Bosque Florestal de Águas da Prata, SP - Levi Moisés.

                                                          Maiores informações sobre o "Movimento Xô Mineradoras!", confira o link: